Teoria Musical Básica
By Anderson Ribeiro
1. Notas Musicais
Basicamente existem sete notas musicais:
Dó Ré Mi
Fá Sol Lá
Si
Esta é a sequencia em que elas encontram-se. Estas notas
são graficamente representadas pelas letras do alfabeto, respectivamente:
C
D E F G A B
É imprescindível para o músico saber a grafia das notas,
pois as mesmas foram criadas com a função de facilitar na hora da leitura
musical.
Obs.: A grafia
das notas musicais sempre deve ser escrita com as letras maiúsculas para não
perdermos a referencia, por exemplo, na leitura de uma musica cifrada.
2. Acidentes musicais, Enarmonia, Tom (T),
Semitom (ST)
As notas musicais são representações escritas das
principais tonalidades existentes emitidas repetidamente pelos instrumentos.
O que diferencia a melodia do barulho, segundo o
grande músico e mestre brasileiro, Hermeto Pascoal, é a regularidade do som,
pois a assim como as notas musicais exercem certa regularidade que pode ser
interpretada pelo cérebro, o som vindo de automóveis e eletrodomésticos, dentre
outras, não possuí a mesma regularidades, sendo muito mais difícil ao ouvido
humano fazer diferenciação precisa quanto a sua tonalidade.
Enfim, cada nota representa um som específico que se repete ao longo das escalas, que podem
ser mais graves ou agudos. Entende-se usualmente que
sons mais graves são aqueles mais “grossos” e os agudos os mais “finos” e
geralmente podemos fazer esta diferenciação nos instrumentos, como por exemplo
no teclado, os mais grave tocando notas mais a esquerda e mais agudos tocando
notas mais a direita.
Obs.: Vale lembrar que basicamente todos os
instrumentos melódicos, como teclado, violão, harpa, violino, flauta, dentre
outros tem o mesmo esquema de formas diferentes.
No
exemplo 1: No
exemplo 2:
C
D E F
G A B F G
A B C
D E F
G A
No exemplo 1 podemos compreender que a nota mais grave e de
menor tom é o C, pois encontra-se mais a esquerda na sequencia e o mais agudo B.
No exemplo 2 a nota mais grave é o F e o mais agudo A.
Existem algumas variações nas notas que chamados de
acidentes, que se localizam
entre algumas notas vistas anteriormente, e estão localizados entre as notas:
C e D D e E F
e G G e A A e B
Estes são representados por 2 símbolos:
# = sustenido
ᵇ = bemol
O sustenido (#) eleva uma nota
em meio tom (= + ½T = + 1ST);
O bemol (ᵇ) abaixa uma nota em
meio tom (= - ½T = - 1ST);
Praticamente os 2 tem a mesma funcionalidade,
apenas diferenciando-se na forma como são vistos. Isso é chamado de ENARMONIA, ou seja, são notas
enarmônicas. O sustenido é usado principalmente quando representamos os acidentes
que vão ficando mais agudos (ascendente) e o bemol em acidentes que vão ficando
mais graves (descendente). Sendo assim temos:
C# ou Dᵇ = entre C e D
D# ou Eᵇ = entre D e E
F# ou Gᵇ = entre F e G
G# ou Aᵇ = entre G e A
A# ou Bᵇ = entre A e B
Ficando a sequencia completa com os acidentes:
C C# D D# E F F# G G# A A# B C
ou
C Dᵇ D Eᵇ E F Gᵇ G Aᵇ A Bᵇ B C
Também entende-se como Tom e Semitom as diferenças de
posição de uma nota para outra fazendo-se a soma ou subtração de semitons (ST).
Por exemplo:
C para D temos 1 Tom
F para G
temos 1 Tom
E para F temos ½ Tom ou 1 Semitom
D para D# temos ½ Tom ou 1 Semitom
Então entendemos no geral que cada nota é
equivalente a um semitom que vão somando-se. Por exemplo, se somarmos C + 2,5 T
(= 5 ST) teremos F.
3. Tipos de Escalas (maiores, menores,
natural e cromática)
Como citado anteriormente, existem na música escalas que é o nome dados para
sequencias de notas. Existem vários tipos de escalas, mas vamos abordar apenas
as mais importantes: natural, cromática, maior e menor.
3.1
Escala Natural:
A escala natural é composta pelas
notas básicas vistas no começo do estudo, que seriam no teclado as teclas
brancas:
C D E F G A B C
3.2 Escala Cromática:
A escala cromática é a mesma vista
anteriormente adicionando os acidentes, sendo assim ela pode ser ascendente
(utilizando-se o sustenido) ou descendente (utilizando-se o bemol):
Ascendente: C
C# D D#
E F F#
G G# A
A# B C
Descendente: C
Dᵇ D
Eᵇ E
F Gᵇ G
Aᵇ A Bᵇ
B C
3.3
Escala Maior (modelo C):
A escala maior é o padrão de sequencia de
notas maiores para todos os outros tons em se tratando do campo harmônico (que
veremos mais adiante) e obedecendo a uma fórmula levando em consideração a
adição de semitons como visto anteriormente:
+1T +1T
+1/2T +1T +1T
+1T +1/2T
C D E F G A B C
3.4
Escala Menor (modelo Am):
Da mesma forma que a escala Maior a
escala menor será padrão para o campo harmônico de acordes menores:
+1T +1/2T
+1T +1T +1/2T
+1T +1T
A B C D E F G A
4. Grau das Notas e Tipos de Acordes
As notas também são classificadas em
graus que vão estar dependentes da sua posição em relação ao Tom da música.
Vamos tomar como exemplo a escala de C
I II III IV V VI VII VII IX X XI XII XIII
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º
C D E F G A B C D E F G A
Acorde é a harmonia de mais de uma
nota tocada ao mesmo tempo e que deve estar dentro do campo harmônico (que será
o próximo assunto). Geralmente as acordes são formadas de no mínimo 3 graus da
escala: a Tônica (1º), Terça (3º) e Quinta (5º), formando uma TRÍADE. Por exemplo, para a
escala de C, temos:
Acorde de C: C E G
Como nas escalas, também temos vários tipos de Acordes, mas veremos
apenas os 4 principais: Maiores, Menores, Diminutos e Invertidos.
Obs.:
- As notas/acordes Maiores são representadas apenas pela cifra ou por
um “M”, por exemplo: “C” ou “CM”;
- As notas/acordes Menores são representadas acrescentando-se um “m”,
por exemplo: “Cm”;
- As notas/acordes Diminutas são representadas acrescentando-se um
“º”, por exemplo: “Cº”;
- As acordes Invertidas são representadas acrescentando-se
uma “/” definidas pela inversão, por exemplo: “C/E”.
4.1 Acordes
Maiores:
Aqui
devemos começar a aplicar a fórmula anteriormente vista na escala maior e os
graus das notas. Por exemplo para D, temos:
Tons
|
+1T
|
+1T
|
+1/2T
|
+1T
|
+1T
|
+1T
|
+1/2T
|
||||||||||
Graus
|
1º
|
2º
|
3º
|
4º
|
5º
|
6º
|
7º
|
8º
|
|||||||||
Notas
|
D
|
E
|
F#
|
G
|
A
|
B
|
C#
|
D
|
|||||||||
Acorde
|
D
|
F#
|
A
|
||||||||||||||
4.2 Acordes
Menores:
Aqui
também devemos começar a aplicar a fórmula anteriormente vista na escala menor
e os graus das notas. Como exemplo de Dm:
Tons
|
+1T
|
+1/2T
|
+1T
|
+1T
|
+1T
|
+1/2T
|
+1T
|
||||||||||
Graus
|
1º
|
2º
|
3º
|
4º
|
5º
|
6º
|
7º
|
8º
|
|||||||||
Notas
|
D
|
E
|
F
|
G
|
A
|
B ᵇ
|
C
|
D
|
|||||||||
Acorde
|
D
|
F
|
A
|
||||||||||||||
4.3 Acordes
Diminutos:
Aqui
temos uma pequena diferenciação, pois ao invés de dois 1/2T e cinco T, temos
três 1/2T e quatro T, ou seja, uma nota a mais, para Dº:
Tons
|
+1T
|
+1/2T
|
+1T
|
+1/2T
|
+1T
|
+1/2T
|
+1T
|
+1/2T
|
||||||||||
Graus
|
1º
|
2º
|
3º
|
4º
|
5º
|
6º
|
6º
|
7º
|
8º
|
|||||||||
Notas
|
D
|
E
|
F
|
G
|
G#
|
B ᵇ
|
B
|
C#
|
D
|
|||||||||
Acorde
|
D
|
F
|
G#
|
|||||||||||||||
4.4 Acordes
Invertidos:
Os
acordes invertidos seguirão os mesmos esquemas das escalas e acordes
anteriores, mas deverão ter a Tônica de acordo com a inversão da nota que pode
ser na 3º ou na 5º. Por exemplo, D:
3º 5º 1º
D/F#
(inversão na 3º): F# A D
5º 1º 3º
D/A
(inversão na 5º): A D F#
5. Campos Harmônicos (CH)
Podemos entender o campo harmônico como sendo a
junção das escalas e acordes que estão em uma mesma harmonia. É essencial que
todos os conceitos apresentados anteriormente estejam bem claros para haver
entendimento sobre os campos harmônicos.
O campo harmônico está totalmente ligado ao Tom em
que a música será tocada. Sabendo o campo harmônico saberemos todas as acordes
e notas que farão parte da melodia.
Podemos sintetizar o campo harmônico, em relação aos
acordes como (sendo “M” de maior e “m” de menor e “º” de diminuto):
- Maiores: 1º(M) 2°(m) 3º(m) 4º(M) 5º(M) 6º(m) 7º(º) 8º(M)
- Menores: 1º(m) 2º(º) 3º(M) 4º(m) 5º(m) 6º(M) 7º(M) 8º(m)
Por exemplo com Tom da música em Em:
Notas do CH: E F# G A B C D E
Acordes do CH: Em F#º G Am Bm C D Em
Por exemplo com Tom da música em E:
Notas do CH: E F# G# A B C# D# E
Acordes do CH: E F#m G#m A B C#m D#º E
Obs.: Lembrando que podemos usar todas as inversão de todas
as acordes do CH, além de outros graus da escala como 7º, 2º, 4º e outros.
6. Notas/Escalas relativas e de passagem/preparação
Existem algumas notas/escalas chamadas de relativas
em que notas/escalas que podem ser executadas no lugar de suas relativas.
Geralmente essas notas são a 6ºm se o tom for M ou a 3°M se o tom for menor.
Por exemplo:
Tom >>
relativa
Em >> G
D >> Bm
Geralmente as notas de passagens são inversões de
acordes do CH que podem fazer uma ponte para outra Acorde dentro do CH. Por
exemplo, temos uma música em C:
Passagem de C >> F: C G/B Am G F
Passagem de Dm >> F:
Dm C/E F
Existem algumas notas/acordes de preparação dentro
do CH, que se dividem em:
-acordes de preparação (tom C):
5+, resolve na 4º. Ex.: G5+ >> F
7, resolve na 4º. Ex.: G7 >> F
-acordes dependentes:
4(sus): resolve na 3º
4+ resolve na 5º
7. Compassos e tempo musical
De uma forma grotesca, podemos dizer que o compasso
é ritmo em que a música irá ser executada. O compasso também pode ser chamado
de pulsação. O “tempo” é o tempo que leva para um compasso ser executado.
Existem basicamente 3 tipos de compassos, que podem
sofrer variações dependendo da música. São eles:
4/4 (quaternário): 4 batidas em 1 tempo. Por
exemplo: A maioria das músicas
3/4 (ternário): 3 batidas em 1 tempo. Por exemplo:
Valsa
2/4 (binário): 2 batidas em 1 tempo. Por exemplo: Jingle
bells
Então, se estou tocando uma valsa, cada tempo de
nota deverá durar 3 batidas. Geralmente a música é levada em todo o tempo no
mesmo compasso.
Obs.:
- Não confunda o tempo com a velocidade da música.
O tempo só depende da quantidade de pulsações e não da velocidade em que a
música será executada.
- É essencial para um músico que quer estudar essa área ter
um metrônomo que pode ser o próprio equipamento, uma função no teclado ou um
aplicativo no celular.
8. Modulação
A modulação nada mais é do que a mudança de um CH
para outro dentro de uma mesma música. Para haver a modulação geralmente são
usadas notas de preparação, mas isso não é uma regra e vai depender muito da
maturidade musical dos músicos envolvidos para fazer isto.
Para modulação devem ser aplicados os ensinos sobre tons e
semitons, pois a modulação é justamente a adição ou subtração de tons ou
semitons.
9. Transposição
Se podemos dizer que a modulação é o ato on-line de mudança
de CH, a transposição é o off-line. É o ato de saber a alteração que será feita
em cada nota e acorde depois da mudança de tom. Por exemplo, se uma música
começa em C e posteriormente aumenta 1/2T, todas as notas e acordes C serão C#
e assim por diante com as outras notas/acordes da música.